Historicamente, a urgência de abordar o aquecimento global e as mudanças climáticas foi frequentemente negligenciada. No entanto, no cenário atual, marcado por uma escalada de eventos meteorológicos extremos — como ondas de calor intensificadas, padrões de precipitação cada vez mais imprevisíveis e extremos, crises hídricas, e taxas alarmantes de desmatamento — a preservação ambiental tornou-se uma questão imediata e inadiável.
Segundo dados recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia perdeu 54,6 mil km² de seu território nos últimos cinco anos, principalmente devido ao desmatamento. Essa devastação contínua não só aumenta a temperatura na região como também agrava períodos de seca, empurrando a floresta para seu ponto de inflexão, um estado de degradação do qual ela não poderia mais se recuperar.
O ponto de inflexão da Amazônia, conforme pesquisas, ocorre quando 20% a 25% da floresta é desmatada. Atualmente, estima-se que entre 14% e 20% da vegetação amazônica já tenha sido destruída. Se esse ponto for ultrapassado, a floresta perderá sua capacidade de manter o equilíbrio do carbono, a liberação de CO₂ superará a produção de oxigênio, e a água absorvida para manutenção das florestas será maior que liberada na atmosfera, interrompendo os ciclos hídricos que dela dependem. Com o grave comprometimento da função hídrica desempenhada pela floresta através da evapotranspiração, é prevista a desertificação da região, causando impactos devastadores em escala global. Segundo a Ministra do meio Ambiente Marina Silva, atualmente apenas dois Estados brasileiros não estão em situação de seca, sendo que quase 60% do território nacional tem focos de incêndio ou está suscetível às queimadas[1].
Além da Amazônia, outros biomas brasileiros, como o Cerrado e a Mata Atlântica, enfrentam destruição acelerada, intensificando crises como a escassez de água e a perda de biodiversidade. A perda desses ecossistemas ameaça não só o equilíbrio climático, mas também a segurança alimentar e a qualidade de vida das populações humanas.
Para evitar uma transição sistêmica irreversível, é necessário adotar uma abordagem preventiva que mantenha a resiliência das florestas e demais biomas. A proteção ambiental deixou de ser uma questão exclusivamente voltada para as gerações futuras; é uma necessidade urgente para a geração atual, que já enfrenta os efeitos diretos da degradação ambiental.
Uma das formas de contribuir para a recuperação dos ecossistemas é a implementação de uma economia regenerativa. No âmbito empresarial, isso envolve a adoção de práticas que promovam mais benefícios do que impactos negativos, como a implementação de métodos de produção sustentáveis e a compensação das emissões de carbono. Empresas devem adotar e incentivar práticas ESG (Ambiental, Social e Governamental), promovendo uma cadeia de produção mais ética e sustentável. A mobilização coletiva é essencial para alcançar uma mudança sistêmica capaz de regenerar os biomas brasileiros e proteger o planeta para as presentes e futuras gerações.
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