Com a intensificação dos efeitos das mudanças climáticas, impulsionada no Brasil sobretudo pelo aumento desenfreado do desmatamento ilegal na Amazônia ocorrido nos últimos anos, e, consequentemente, com a aproximação do chamado ponto de não retorno, em que a desertificação do bioma poderá se tornar irreversível, o impulsionamento de investimentos em projetos REDD+ e em iniciativas de Soluções Baseadas na Natureza (SBN/NBS) se torna imprescindível, para o que a Cédula de Produto Rural Verde pode ser uma importante aliada.
Os projetos de REDD+ são justamente uma das formas de conservação e redução do desmatamento, especialmente na Amazônia, contribuindo na busca do cumprimento das metas net zero, e podendo fazer parte também do mercado de créditos de carbono, cuja demanda tem sido impulsionada por corporações comprometidas a compensarem suas emissões internas.
A conservação das florestas é fundamental para a proteção da biodiversidade, das populações tradicionais e das comunidades locais, bem como a garantia da segurança hídrica e energética da área preservada. Ainda, cumpre ressaltar, que as “iniciativas locais de REDD+ podem também contribuir e fortalecer políticas estaduais e municipais de redução do desmatamento e fomento a cadeias produtivas. Por contar com um planejamento de longo prazo e um modelo de financiamento independente, projetos de REDD+ têm a capacidade de desenvolver ações locais específicas para uma determinada região ou comunidade, permitindo gerar inovações em temas como fomento a cadeias produtivas sustentáveis, organização social e fortalecimento de organizações locais de base comunitária”[1].
As Soluções Baseadas na Natureza (NBS), por sua vez, são mecanismos e iniciativas de desenvolvimento sustentável e regenerativo mediante a utilização de soluções naturais às atividades rurais ou urbanas, também imprescindíveis no combate às mudanças climáticas.
Já a CPR-Verde é um instrumento financeiro voltado à proprietários e produtores rurais que invistam nessas atividades, também chamadas de serviços ambientais. O título, utilizado há bastante tempo, recentemente teve seu escopo ampliado para abranger o investimento em projetos que tenham como foco, por exemplo, a preservação do meio ambiente, inclusive da Amazônia, a fim de evitar a perda das florestas responsáveis pelo estoque de carbono e da biodiversidade brasileira.
O instrumento serve também para o investimento em atividades agropecuárias e agroflorestais que possuem estes fatores como base de seu desenvolvimento, sendo grande o potencial do setor em contribuir para o cumprimento das metas estabelecidas na última Conferência das Partes (COP 27), além de auxiliar no alcance de uma economia de emissões net zero até 2050.
[1] NBS, Aliança Brasil. Guia para compra responsável de créditos REDD+ no Brasil. São Paulo, 2021. Disponível em: https://nbsbrazilalliance.org/. Acesso em: 23/10/2023
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